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Sobre  o que é incel e os riscos dos grupos que se articulam na internet

O termo “incel” é uma abreviação de “involuntary celibate”, que em português significa “celibatário involuntário”. Refere-se a indivíduos, predominantemente homens heterossexuais, que se identificam como incapazes de encontrar um parceiro romântico ou sexual, apesar de desejarem uma relação. Essa comunidade online atribui sua frustração à rejeição por parte das mulheres, desenvolvendo, em muitos casos, uma visão misógina e ressentida em relação a elas.

A subcultura incel ganhou notoriedade nos últimos anos devido a incidentes violentos associados a alguns de seus membros. Por exemplo, em 2014, Elliot Rodger matou seis pessoas na Califórnia antes de tirar a própria vida, deixando um manifesto que expressava ódio pelas mulheres e pela sociedade que o rejeitava. Outro caso ocorreu em 2021, quando Jake Davidson assassinou cinco pessoas em Plymouth, Reino Unido, após expressar opiniões alinhadas com a ideologia incel em fóruns online.

Esses eventos trouxeram à tona discussões sobre o impacto de comunidades online que propagam ideologias misóginas e extremistas. A internet, especialmente por meio de fóruns e redes sociais, tem facilitado a formação de grupos como os incels, onde indivíduos compartilham frustrações e reforçam crenças negativas sobre mulheres e relacionamentos.

Um dos nomes frequentemente associados a essas comunidades é o de Andrew Tate, um influenciador britânico-americano e ex-kickboxer. Conhecido por suas opiniões controversas e misóginas, Tate ganhou destaque nas redes sociais promovendo uma visão de masculinidade tóxica e desprezo pelo feminismo. Em dezembro de 2022, ele e seu irmão foram presos na Romênia sob acusações de tráfico de pessoas e estupro. Apesar das acusações, Tate manteve uma base de seguidores leais, especialmente entre jovens homens influenciados por suas mensagens.

A ascensão de figuras como Andrew Tate e a proliferação de comunidades incel destacam a necessidade de uma reflexão mais profunda sobre questões de gênero, saúde mental e o papel das plataformas digitais na disseminação de ideologias prejudiciais. É essencial que a sociedade aborde essas questões de maneira proativa, promovendo educação, diálogo e apoio psicológico para aqueles que se sentem alienados, a fim de prevenir a radicalização e possíveis atos de violência.

A série “Adolescência”, disponível na Netflix, aborda de forma ficcional temas relacionados a essas subculturas online e seus impactos na juventude, oferecendo uma oportunidade para refletir sobre os desafios enfrentados pelos adolescentes na era digital.

Frank Barroso

Frank Barroso

About Author

Bacharel em geografia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU); jornalista profissional desde 1987, web design há mais de 20 anos. gestor social, líder comunitário, ecologista. Frank é pesquisador na área de planejamento urbano, mobilidade sustentável e geomarketing.

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